Muçulmanos queimam seis pessoas vivas em confrontos no Paquistão
sábado, 1 de agosto de 2009
Seis cristãos foram queimados vivos e ao menos dez ficaram feridos neste sábado em confrontos com a maioria muçulmana na cidade de Gojra, na Província de Punjab, no centro do Paquistão.
A tensão está alta na localidade após alegações de que os cristãos profanaram o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.
Os confrontos tiveram início na manhã deste sábado, com uma troca de tiros entre membros das duas comunidades.
Emissoras de televisão locais mostraram casas em chamas e móveis queimados nas ruas, enquanto pessoas atiravam contra outras de cima de telhados.
O ministro para as minorias, Shahbaz Bhatti, disse que uma multidão "confundida por extremistas religiosos" atacou uma vizinhança cristã e ateou fogo a dezenas de casas.
"Nós recebemos seis corpos de pessoas que morreram queimadas. Eles incluem quatro mulheres, um homem e uma criança", disse um funcionário do Ministério da Saúde na cidade, Abdul Hamid, à agência de notícias Reuters.
O ministro provinçal da Justiça, Rana Sanaullah, que também é responsável por questões de segurança em Punjab, condenou o ataque e disse que ordenou um inquérito sobre os confrontos.
Ele disse, entretanto, que uma investigação preliminar mostrou que não houve profanação do Alcorão.
"Foi apenas um boato explorado por elementos anti-Estado para criar o caos."
"Peço à ambas comunidades muçulmana e cristã que mostrem controle", Sanaullah disse, afirmando que o governo irá agir rigidamente contra desordeiros e também policiais, que não conseguiram impedir a violência.
Religião
O Paquistão é predominantemente uma nação muçulmana, e minorias religiosas, como os cristão, representam apenas 4% de uma população de 170 milhões de pessoas.
As comunidades religiosas vivem em harmonia, mas tem ocorrido ataques periódicos de alvos cristão desde que o país se tornou um aliado dos Estados Unidos após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
As minorias também enfrentam uma certa intimidação, principalmente através de lei discriminatórias, incluindo uma que prevê pena de morte para quem usar uma linguagem depreciativa contra o Islã, o Alcorão e o profeta Maomé. Essa lei é frequentemente usada para resolver rivalidades pessoais.
"Os tumultos religiosos são assustadores, onde religiosos islâmicos aplicam a lei com suas próprias mãos", disse o chefe-adjunto da comissão de direitos humanos do Paquistão, Mehdi Hassan, em um comunicado.
"Militantes islâmicos de fora da aldeia [têm] criado uma atmosfera de medo e [têm] destruído e queimado propriedades usando armas de fogo e explosivos", diz o texto, pedindo que autoridades intervenham para salvar vidas de cristãos na região.
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